Cafés Especiais do Brasil

written by BVM December 1, 2017

A Associação Brasileira de Cafés Especiais, BSCA, (Brazil Specialty Coffee Association) é uma sociedade civil que congrega pessoas físicas e jurídicas no mercado interno e externo de cafés especiais no Brasil. Com o objetivo de difundir e estimular o aprimoramento técnico na produção, comercialização e industrialização de cafés especiais, além de promover, principalmente nas áreas cafeeiras, a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento ambiental sustentável, através de programas, projetos e parcerias com entidades públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras.

Através de pesquisas, difusão de técnicas de controle de qualidade e promoção de produtos a BSCA busca elevar os padrões de excelência dos cafés brasileiros oferecidos ao mercado interno e externo e é a única instituição brasileira a certificar lotes e monitorar selos de controle de qualidade de cafés especiais, com rastreabilidade total através de numeração individual.

Atuando nas principais regiões cafeeiras do Brasil nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Bahia, Rondônia e Rio de Janeiro, difundido os cafés especiais de todas estas regiões e contribuindo para a qualidade do café e o reconhecimento internacional da cafeicultura brasileira.

Falando sobre os desafios do café brasileiro a diretora da BSCA, Vanusia aponta que existem dois grandes gargalos para o reconhecimento internacional de nosso café: o grão cru e o café torrado para exportação. “Nosso maior desafio para o grão cru especial é o mercado Americano que ainda não reconhece a qualidade do nosso café. A causa disto é a falta de marketing internacional para o café brasileiro que se preocupava apenas em exportar nosso café sem divulgar ou promover suas qualidades. Há vinte anos a Colômbia fazia no mercado americano uma grande campanha que eles produziam o melhor café do mundo e o café colombiano, que também é de boa qualidade conquistou este mercado.

Para o café torrado os desafios são be+m maiores, visto que o Brasil não têm tradição de exportar café torrado. E ainda há os entraves das barreiras tributárias, o custo Brasil é absurdamente elevado, por isto não temos competitividade nas exportações do café torrado, sem falar no protecionismo de vários países para protegerem seus agricultores e suas indústrias.

Para Vanusia o foco da BSCA é promover a exportação do café torrado de origem, ou seja, um café especial produzido 100% em uma região, ou em uma fazenda específica ao qual chamamos de Denominação de Origem (DO). “Acreditamos que para este produto existe um grande mercado internacional. Diferentemente da Indicação de Procedência, a Denominação de Origem vai além das características do território, valorizando e diferenciando também o produto. Para se conquistar uma Denominação de Origem é preciso comprovar aspectos únicos, possuir características que somente podem ser obtidas naquela origem, incluindo os fatores humanos além de fatores naturais como clima, solo, relevo e altitude. Ou seja, a soma destes fatores: naturais e humanos, caracterizam aquela região. O café que for produzido na região poderá ser vendido como um produto com indicação geográfica. Isto significa que ele tem garantia de origem, de procedência, quem comprar terá certeza de que vai receber
um café com determinadas características próprias do clima, do solo e do manejo da região produtora”.

A região do Cerrado, no Estado de Minas Gerais, abrangendo 55 municípios produtores de café arábica foi a primeira região brasileira a receber a Denominação de Origem, concedida pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). Esta região conta com cerca de 4.500 produtores de café com produção de mais de cinco milhões de sacas por ano. O Selo de Denominação de Origem foi lançado durante a Feira da Associação Americana de Cafés Especiais que aconteceu na cidade de Seattle, nos Estados Unidos. Este é o primeiro passo para o reconhecimento internacional do café especial brasileiro.

“Não podemos nos esquecer também do mercado interno, do imenso desafio que é ensinar ao brasileiro, que ama o cafezinho, a tomar café de qualidade, a “degustar o café” como se degusta um bom vinho, sentir seus aromas, seus sabores. De um modo geral o café que se toma em nosso país é de péssima qualidade. Dispomos de tecnologia de ponta e conhecimento científico para produzir cafés de altíssima qualidade. Precisamos conscientizar o produtor a buscar sempre a excelência no seu negócio, que é produzir cafés especiais. As novas gerações que estão tomando a frente das fazendas produtoras já têm esta consciência na busca da qualidade do café. È um processo lento, natural mas que certamente ainda vai colocar o Brasil, não apenas como maior produtor de café do mundo, mas o país que também produz o melhor café do mundo, conclui Vanusia”.

Cafés Especiais

Cafés especiais se distinguem por suas características como origens, variedades, cor, tamanho, questão ambiental nas propriedades produtoras e condições de trabalho da mão de obra cafeeira.Representa 12% do mercado internacional de cafés e têm preço de até 40% a mais em relação ao café convencional, podendo ultrapassar a barreira dos 100%. Estão agrupados em quatro categorias:

Café de origem certificada:

Relacionado às regiões de origem dos plantios, pois alguns dos atributos de qualidade do produto são inerentes à região onde a planta é cultivada.

Café gourmet:

Grãos de café arábica, com peneira maior que 16 e de alta qualidade. É produto diferenciado, quase isento de defeitos.

Café orgânico:

É produzido sob as regras da agricultura orgânica. O café deve ser cultivado exclusivamente com fertilizantes orgânicos e o controle de pragas e doenças deve ser feito biologicamente. Apesar de ter maior valor comercial, para ser considerado como pertencente à classe dos cafés especiais, o café orgânico deve possuir especificações qualitativas que agreguem valor e o fortaleçam no mercado.

Café fair trade:

Consumido em países desenvolvidos por consumidores preocupados com as condições socioambientais sob as quais o café é cultivado. Nesse caso, o consumidor paga mais pelo café produzido por pequenos agricultores ou sistemas de produção sombreados, onde a cultura é associada à floresta. É muito empregado na produção de cafés especiais, pois favorece a manutenção de espécies vegetais e animais nativos.

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